Os negros africanos, que chegavam
aos montes aos engenhos de Alagoas, logo que foi autorizado o tráfego negreiro,
viviam como escravos, sendo maltratados, e trabalhando para enriquecer o patrão
branco. Obviamente que eram revoltados e procuravam a todo custo, conquistar a
liberdade. Eram transportados pelos navios negreiros da África para o Território
Brasileiro em péssimas condições, expostos às diversas formas de contaminação.
Eram vendidos de acordo com sua
capacidade física, observando que, durante a viagem, os estavam doente e
inválidos eram jogados ao alto-mar.
Devido aos maus tratos, os
escravos lutavam pela sua liberdade, e uma das formas eram as constantes fugas
para outros locais, formando povoados que seriam conhecidos como quilombos.
Cada quilombo tinha um líder de raça para organizar suas manifestações a favor
da libertação dos escravos.
Em Alagoas, existiu um líder chamado
Ganga Zumba, o qual levou um grupo de negros para um local distante dos
canaviais, no alto da Serra da Barriga, no atual município de União dos
Palmares. Os engenhos localizavam-se nos vales dos rios Manguaba, Camaragibe e
Santo Antônio. A notícia foi se espalhando e a cada dia, chegavam mais negros
fugitivos.
Logo batizaram o local de
Quilombo dos Palmares. Terra fértil, boa para o plantio de qualquer tipo de
lavoura, foi se tornando um importante centro produtor. Os negros construíram
uma verdadeira civilização, assim como era na África. Ganga Zumba se constituía
no Chefe de Governo e tinha seus Ministros. Formou-se então uma verdadeira
República Parlamentarista. Um avanço na época. Lá, eles viviam livres, falavam
seu próprio idioma, não eram maltratados pelos brancos e podiam cultuar suas
tradições religiosas e festivas.
Palmares
ocupava inicialmente a vasta área que se estendia, coberta de palmeiras, do cabo de Santo Agostinho ao rio São Francisco. A
superfície do quilombo, progressivamente reduzida com o passar do tempo,
concentrar-se-ia, em fins do século XVII, na ainda
extensa região delimitada pelas vilas de Una e Serinhaém, em Pernambuco, e Porto Calvo, Alagoas e
São Francisco (Penedo), em Alagoas.
Vez por outra, os portugueses,
brasileiros e até os holandeses, tentaram acabar com esse refúgio dos negros.
Não conseguiram. A população negra era mais numerosa e organizada. O tempo foi
passando, e Ganga Zumba já não conseguia ter forças para liderar a comunidade.
Na tradição africana, a hereditariedade era passada de tio para sobrinho. E,
assim ele escolheu um desses sobrinhos: Zumbi, um jovem negro, forte, educado
por um padre de Porto Calvo, que logo afeiçoou-se a causa da liberdade
integrou-se ao Quilombo.
Zumbi era um líder nato. Sua
companheira Dandara, uma mulher forte, guerreira, que liderava o grupo
feminino. Organizado, logo pôs ordem no Quilombo, nomeando seus assessores e
distribuindo tarefas para toda a população, que era preparada para a batalha.
Quando esse dia chegava, ninguém dormia. O quilombo fervia. Eram homens,
mulheres e crianças de prontidão para o ataque. E foram vários.
Por quase um século o Quilombo
dos Palmares resistiu. Mas em novembro de 1695, os brancos conseguiram subir a
Serra da Barriga. Era um grupo numeroso e fortemente armado, liderado por
Domingos Jorge Velho e Bernardo Vieira. O sangue jorrou. Milhares de negros
foram barbaramente assassinados. Zumbi conseguiu fugir acompanhado de alguns de
seus companheiros. Lutou até o fim, quando viu tudo que construiu ser destruído
e seus irmãos de cor, sendo mortos.
Existem duas versões sobre a
morte de Zumbi. A primeira é a de que ele suicidou-se, pulando de um precipício
na Serra da Barriga. Mas os historiadores da época, afirmam que ele foi
assassinado mesmo, depois de alguns dias da destruição total do Quilombo. Sua
cabeça foi cortada e levada ao Recife, para ser exposta ao público como um
troféu. Era o dia 20 de novembro de 1695. E depois de três séculos, essa data
vem sendo lembrada como o Dia Nacional da Consciência Negra. A cada ano,
centenas de negros e brancos sobem à Serra da Barriga nesse dia, para
reverenciar Zumbi e sua raça.
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