No início do século XVII, os
holandeses fizeram diversas tentativas de se estabelecer no Nordeste
brasileiro.
O primeiro ataque ocorreu em
Salvador, na Bahia, em 1624, e durou apenas um ano. Em 1627 houve nova
tentativa frustrada. A segunda capitania escolhida pelos holandeses, em 1630,
foi a de Pernambuco, com o objetivo de explorar o açúcar.
O objetivo das invasões
holandesas era retomar o controle do comércio do açúcar brasileiro, voltando a
distribuí-lo no mercado europeu. Já que o litoral de Pernambuco era uma
próspera área produtora de açúcar, essa capitania foi estrategicamente
escolhida, com o objetivo de explorar o açúcar da região. O governador da
Capitania era Matias de Albuquerque, que recebeu a ajuda de um fidalgo italiano
a serviço da Espanha, que era o Conde de Bagnuolo, para atacar os holandeses.
Em 1633, os holandeses atacaram a vila de Alagoas, que foi quase toda
destruída. Dois anos depois, em invasores se dividiram e dois grupos, sendo um
invadindo Porto Calvo, sendo orientados por Calabar, e outro foi para
Pernambuco, invadindo o Arraial de Bom Jesus, entre Recife e Olinda. Chegando
ao Forte de Nazaré, atacaram Mathias de Albuquerque, mas esse não tinha mais
recursos e resolveu se entregar. Após a prisão de Albuquerque, o grupo resolveu
encontrar Bangnuolo, marchando para Santa Luzia do Norte. Albuquerque, mesmo
preso, contou com a ajuda de todos, o que provou que era um líder nato, e com
sua inteligência, passou a contar com a ajuda de todos, e resolveu escolher
aqueles que mais se destacavam. Albuquerque retirou-se seguido por Henrique
Dias, comandando um batalhão de negros, e o casal Felipe e Clara Camarão,
acompanhado de um batalhão de índios. Além desses últimos, uma grande multidão
os acompanhou, e esse episódio ficou conhecido como ÊXODO PERNAMBUCANO.
Chegando em Porto Calvo, encontraram
trincheiras holandesas, e a igreja, foi transformada num forte
Após muitas lutas entre
portugueses e holandeses, Matias de Albuquerque reconquistou Porto Calvo. Em
junho de 1635, Calabar foi capturado por Matias de Albuquerque. Foi preso como
traidor, acusado de ter agido por dinheiro. Em julho de 1635, foi enforcado e
esquartejado em sua terra natal.
Três dias depois, o general
holandês Segismund von Sckopp chegou em Porto Calvo e, sabendo da morte de
Calabar, mandou juntar todos os restos mortais e organizou um enterro com todas as honras
militares.
Calabar entrou para a história como um dos mais
famosos traidores do Brasil. Ele, porém, nunca se considerou um traidor. Em sua
carta-testamento, deixou claro que preferia derramar seu sangue pela causa que
abraçara por considerá-la justa, a viver sob o domínio mesquinho dos
portugueses, que só queriam mesmo explorar os brasileiros.
PRESENÇA
DOS HOLANDESES
A fase mais duradoura dessas
invasões foi mesmo a dos holandeses, que transformaram a Capitania de
Pernambuco no Brasil Holandês. E muito contribuíram para o seu desenvolvimento,
embora Alagoas não tenha experimentado essa fase de apogeu, que restringia-se
mais ao Recife e Olinda. Por aqui, foi mais destruição, como ocorreu com a Vila
de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul (atual Marechal Deodoro), completamente
incendiada pelos holandeses, que ainda tentaram fazer o mesmo em Santa Luzia do
Norte, não conseguindo, devido à ação rápida de seus moradores, liderados por
dona Maria de Souza. Em Penedo, construíram um forte, depois destruído pelos
brasileiros e portugueses, que não queriam qualquer lembrança dessa fase.
Outro episódio que marcou a
presença dos holandeses em Alagoas, foi a Batalha da Mata Redonda, uma alusão
ao local (hoje pertencente ao município de Porto de Pedras) onde ocorreu a mais
sangrenta batalha entre holandeses, portugueses e brasileiros, vencida pelos
primeiros, por ter um maior arsenal e maior contingente de homens.
Mas os holandeses liderados por
Maurício de Nassau, muito fizeram por Pernambuco. A cultura, a educação, o
avanço na agricultura e na pecuária. Enfim, uma civilização que eles queriam
formar, e transformar numa colônia desenvolvida. Construíram pontes (ainda
existentes), teatros e outras grandes obras no Recife, cidade que ainda hoje
lembra esse período de desenvolvimento cultural e econômico. É notório o gosto
pela cultura do povo pernambucano, notadamente de Recife e Olinda. Por lá,
surgem movimentos culturais que se expandem Brasil afora. O próprio frevo é
criação dos pernambucanos.
Maurício
de Nassau foi inegavelmente o maior administrador que o Brasil já teve. Era
organizado, trabalhador e extremamente ético, qualidades que os demais
donatários portugueses não possuíam, optando mesmo pela exploração, a
escravidão dos negros e índios e o aumento da produção de açúcar para enviar a
Portugal.
Na época do governo de Nassau,
Portugal se libertou do domínio espanhol, nomeando rei o Duque de Bragança, D.
João IV e, não podendo lutar ao mesmo tempo com dois inimigos, firmou uma trégua
de dez anos com a Holanda, suspendendo as lutas em Pernambuco.
Em sua administração, Maurício de
Nassau demonstrou suas boas relações com os pernambucanos. As crueldades
estavam proibidas em Pernambuco, e um chefe militar, quando ousou desobedecer,
foi mandado de volta para Holanda por Nassau. Chegando a esse país, vingou-se
perversamente de Nassau, acusando-o de má administração e também de fazer
concessões.
Em 1643, a Companhia das Índias
Ocidentais demitiu Nassau de seu cargo, sendo nomeada uma junta que passou a
governar Pernambuco, e, não tendo pulso para governar, usou a violência e a
exploração como meios fáceis, o que acabou arruinando a conquista holandesa.
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