segunda-feira, 20 de outubro de 2014

ALAGOAS NA REVOLUÇÃO DE 1930


A Revolução de 1930 marca o início de uma era de transformações políticas, sociais e econômicas cujo desfecho só ocorreria com o golpe civil-militar de 1964, começo de outra fase na história brasileira. Em Alagoas, esse período foi marcado por fortes tensões políticas, originadas nas disputas entre setores da oligarquia pelo controle do executivo estadual. Nessa época o Estado Alagoas era governado por Álvaro Paes.

Antes da Revolução de 1930, o país era presidido por Washington Luiz, que governou o país de 15 de novembro de 1926 a 24 de outubro de 1930. Nessa época, Washington Luiz não temia um movimento armado, visto que confiava nos generais que o cercavam e sempre estava em comunicação com os governadores de estado, inclusive o de Alagoas, Álvaro Paes.

Quando o Brasil foi sacudido pela Revolução de 1930, os militares depuseram Washington Luiz, e no dia 03 de novembro de 1930 o gaúcho Getúlio Vargas assumiu a presidência do país, iniciando-se a fase dos interventores nomeados pelo presidente da República. Foram nove, em 15 anos da Era Vargas, que exerciam o cargo obedecendo às decisões do chefe da Nação.

Álvaro Paes sempre recebia jornais do Recife, os quais noticiavam que uma revolução explodira naquela capital. No dia 4 de outubro, os alagoanos receberam a notícia de que a revolução acontecida na capital pernambucana explodiu. Devido às condições que os meios de comunicação da época ofereciam os nordestinos não ficavam sabendo ao certo sobre a situação na Região Sul.

Um telegrama emitido pelo Palácio do Catete, que era a sede do Governo Federal, foi publicado pelo Diário Oficial informando que a situação na Parte Sul estava tranquila, e que as forças estavam fiéis ao Governo.

Ao ver que a Revolução chegou a uma situação extrema, o Presidente declarou “estado de sítio” em todo o país.

A Revolução intensificou a fuga do governador de Pernambuco Estácio Coimbra em direção à praia de Tamandaré com destino ao exílio na Europa em companhia de Gilberto Freyre, então seu secretário particular, porque chegara o General Juarez Távora com tropas federais.

No dia 14 de outubro, por volta das 10h, um avião sobrevoou a capital alagoana, jogando centenas de boletins informando da revolução. Alguns o povo foi em direção à Levada para apanhá-los, outros foram em direção ao 20º BC do Exército. Esses boletins eram assinados pelo General Juarez Távora pedindo ao povo alagoano para participar da revolução.

Após algumas solicitações em relação à renúncia do poder, o governador Álvaro Paes seguiu com sua comitiva ao Porto do Jaraguá, no dia 10 de outubro, em direção ao Estado da Bahia.

O Governo Federal, vendo que os Estados estavam ficando sem governadores, iniciou uma era em que foram nomeados interventores para ocupar as administrações nas respectivas Unidades Federativas.

O primeiro desses interventores foi o sergipano Hermílio de Freitas Melro, que passou um ano no poder, sendo substituído por Luiz de França Albuquerque, alagoano de Viçosa, seguido do capitão Tasso Tinoco, Afonso de Carvalho e Temístocles Vieira de Azevedo. As eleições para deputados são realizadas em 1933, elegendo-se seis alagoanos: Manoel de Goes Monteiro, Izidro Teixeira de Vasconcelos, José Afonso Valente de Lima, Antônio de Melo Machado, Armando Sampaio Costa e Álvaro Guedes Nogueira, representantes do Estado, na Assembleia Constituinte, que promulgou a Constituição de 1934.

Quem mais se destacou como interventor, foi o jurista Osman Loureiro, também eleito governador nas eleições de 1935, permanecendo no cargo até 1937 quando se deu o Golpe do Estado Novo. Nesse período de dois anos, como representante eleito pelo povo, fez várias obras e liberou recursos para as áreas de educação, saúde e segurança pública. Depois, já na ditadura, voltou a ser interventor.

Passaram ainda pela interventoria: José Maria Correia das Neves, Ismar de Góes Monteiro e Antonio Guedes de Miranda. Acaba assim a Era Vargas em Alagoas, iniciando-se o processo de redemocratização, com as eleições gerais de 1946.

A ditadura de Vargas provocou muitas prisões de alagoanos, que defendiam a democracia. O escritor Graciliano Ramos, já famoso na época, foi preso no Rio de Janeiro. Esse episódio gerou o livro Memórias do Cárcere, um best-seller.

Apesar da ditadura, o povo adorava Getúlio, que implantou a Legislação Trabalhista, criou o salário mínimo (muito valorizado na época) e o voto da mulher. Alagoas viveu nas interventorias, satisfatoriamente. No Estado Novo não existia Congresso nem Assembleia. Portanto, gastos com deputados e senadores não era preocupação do governo. A arrecadação servia para pagar suficientemente os salários dos funcionários públicos.

 

REFERÊNCIAS:

 

ALBUQUERQUE, Isabel Loureiro de – Nosso Estado Nossa História. Maceió, SERGASA – Serviços Gráficos de Alagoas S.A. 1991.

 

PIMENTEL, Jair Barbosa - A História de Alagoas Dos Caetés aos Marajás


 

COSTA, Rodrigo José da -  Sob o signo do sangue: a trajetória republicana em Alagoas e a sinfonia da violência em tom maior (1930 – 1964)