sábado, 31 de maio de 2014

ÍNDIOS EM ALAGOAS


Antes do descobrimento, Alagoas era habitada por nativos que os europeus passaram a denominar índios porque acreditavam estar nas Índias.

Estima-se que no Brasil viviam entre 1 e 10 milhões de habitantes primitivos, dividios em várias tribos.

 Os índios tinha seu próprio modo de vida que para alguns “civilizados” eram considerados selvagens, bárbaros, aculturados e outros termos os deixavam à vargem da “sociedade desenvolvida”. Eles viviam em grupos denominados tribos, como se fosse uma espécie de república, composta por aldeias ou tabas, que eram um agrupamento de ocas indígenas, como de fossem casas para eles. Vestiam tangas pintavam o corpo, tinham o cabelo estirado e usavam indumentárias fabricadas por eles como o cocá feito de penas e colares feitos de dentes de animais.

Seu meio de trabalho consistia na caça, na pesca e agricultura de sobrevivência, tendo como principais alimentos o milho e a mandioca. A caça e a pesca eram atividades exercidas pelo homem e as domésticas, pelas mulheres.

Fabricavam instrumentos musicais e realizavam várias danças, como o toré (dança da chuva) e o kuarup ( reverência aos mortos).

As tribos tinham suas linguagens próprias, sendo a predominante o tupi-guarani, entre outros dialetos desconhecidos.

Tinham como chefe o cacique, que eram escolhidos entre os mais velhos e experientes e o pajé como líder religioso. Tinham o Conselho de Anciãos que realizavam reuniões em tempo de guerra. Eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses como Tupã (deus trovão e realizador de toda criação), Jaci (deusa lua), Juripari (deus maligno e vingativo), Guaraci (mãe dos viventes). Em seu ritual de morte colocavam vários pertences próximos ao falecido, acreditando que ele ia ao Monte Azul.

Entre as tribos que existiam em Alagoas, as que mais se destacavam eram:

- Caetés: habitavam o litoral sul. Eram selvagens e foram responsáveis pela morte do primeiro Bispo do Brasil, Dom Pero Fernandes Sardinha, no local onde fica o atual município da Barra de São Miguel. Odiavam os portugueses, por estes terem expulsados os franceses, os quais ofertavam quinquilharias em troca do pau-brasil.

- Potiguaras: habitavam o litoral Norte, de Porto Calvo ao Cabo de Santo Agostinho, onde Cristóvão Lins receberia uma sesmaria.

- Aconans, Cariris, Coropotós e Carijós, habitavam as margens do Rio São Francisco.

- Umans, entre os rios Moxotó em Pajeú, no alto Sertão.

- Cucurus em Palmeira dos Índios.

- Vouvés e Pipianos, viviam no extremo ocidental em Alagoas.

Atualmente vivem certa de 7000 índios no Território Alagoano, distribuídos entre as cidades de Pariconha, Água Branca, Traipu, Palmeira dos Índios, Porto Real do Colégio, Feira Grande, São Sebastião e Joaquim Gomes. Eles lutam para conseguir um pedaço de terra que um dia foi deles. Algumas das práticas como o artesanato e a agricultura de subsistência são usadas como meio de sobrevivência.

O órgão responsável pela preservação dos índios é a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e o dia 19 de abril é considerado o Dia do Índio.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

TRANSFERÊNCIA DA CAPITAL


Desde que Melo Póvoas foi governador da antiga Capitania de Alagoas, algumas repartições fiscais foram instaladas na vila de Maceió, motivo pelo qual os moradores da Vila de Alagoas temiam perder o privilégio de ser a capital. Vários foram os fatores que levaram a isso, como a proximidade do Porto de Maceió, o comércio devido às facilidades, e o desenvolvimento populacional e econômico.

Em 18 de abril de 11839, o pernambucano Agostinho da Silva Neves assumiu a presidência da província, tendo que enfrentar uma péssima situação econômica e social, devido ao atraso de ordenados e à falta de ordem pública.

Após uma série de rebeliões na província, no dia 14 de novembro de 1839, o então presidente da província Agostinho da Silva Neves estava hospedado no Palácio Provincial na cidade de Alagoas, determinou a transferência do Cofre e não houve protesto. Depois convocou uma Assembleia para determinar a transferência da capital para Maceió. Alguns deputados queriam protestar, mas houve uma proposta para votação ser nominal e ninguém quis se comprometer. O projeto para a transferência foi aprovado.

Em 09 de dezembro de 1839, Agostinho da Silva Neves assinou a Resolução nº 11, determinando a transferência da capital de Alagoas para Maceió, elevando à Categoria de Cidade, Capital da Província, Sede do Governo, da Assembleia e da Tesouraria.

No dia seguinte, Agostinho voltou à sua terra natal e o Governo Imperial nomeou João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu para presidir a Província.

REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA


Em 1917 rebentou em Pernambuco uma revolução nativista, que recebeu o nome de Revolução Pernambucana, no qual homens de várias classes conspiravam contra o domínio português.

O movimento foi liderado por Domingos José Martins, com o apoio de Antônio Carlos de Andrada e Silva e de Frei Caneca. Tendo conseguido dominar o Governo Provincial, se apossaram do tesouro da província, instalaram um governo provisório e proclamaram a República.

O movimento iniciou com a ocupação do Recife, em 06 de março de 1817. O governador da capitania Caetano Pinto de Miranda Montenegro ordenou que o Coronel Barbosa de Castro acabasse com a revolução e prender os principais. No regimento de artilharia, o capitão José de Barros Lima, conhecido como Leão Coroado, reagiu à voz de prisão e matou a golpes de espada o comandante Barbosa de Castro. Depois, na companhia de outros militares rebelados, tomou o quartel e ergueu trincheiras nas ruas vizinhas para impedir o avanço das tropas monarquistas. O governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro refugiou-se no Forte do Brum depois de ver sua tentativa de sufocar o movimente ser fracassada. Depois que foi cercado, acabou se rendendo.

Os cabeças do movimento instalaram um governo provisório, mas sequer comunicou aos moradores da Comarca de alagoas, mas mesmo assim, a notícia terminou se espalhando.

O Advogado José Ignácio de Abreu e Lima, conhecido com Padre Roma foi à, a serviço dos “cabeças” para falar com o Conde dos Arcos, que era o Vice-Rei do Brasil. Depois, Padre Roma passou em Alagoas, espalhando folhetos e informações, confiando a tarefa a Victoriano Borges da Fonseca, Comandante das Armas, que, ousando desobedecer a ordem de impedir o movimento, soltava os presos, lia as proclamações em voz alta, soltava os presos e rasgava os símbolos da Realeza.

Em 29 de março foi convocada uma assembleia constituinte, com representantes eleitos em todas as comarcas, foi estabelecida a separação entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; o catolicismo foi mantido como religião oficial, porém havia liberdade de culto ( o livre exercício de todas as religiões ); foi proclamada a liberdade de imprensa (uma grande novidade no Brasil); abolidos alguns impostos; a escravidão entretanto foi mantida.

À medida que o calor das discussões e da revolta contra a opressão portuguesa aumentava, crescia, também, o sentimento de patriotismo dos pernambucanos, ao ponto de passarem a usar nas missas a aguardente (em lugar do vinho) e a hóstia feita de mandioca (em lugar do trigo), como forma de marcar a sua identidade.

Dominada a revolução, foi desmembrada de Pernambuco a comarca de Rio Grande (atual Rio Grande do Norte), tornando-se província autônoma. Essa havia sido anexada ao território pernambucano ainda na segunda metade do século XVIII, juntamente a Ceará e Paraíba, que também se tornaram autônomas ainda no período colonial, em 1799.

Também a comarca de Alagoas, cujos proprietários rurais haviam se mantido fiéis à Coroa, como recompensa, puderam formar uma província independente.

Apesar dos revolucionários terem ficado no poder menos de três meses, eles conseguiram abalar a confiança na construção do império americano sonhado por D. João VI, a coroa nunca mais estaria segura de que seus súditos eram imunes à contaminação das ideias responsáveis pela subversão da antiga ordem na Europa.

Quando a propaganda do movimento chegou a Atalaia, o Ouvidor Batalha tratou de fazer correição no cartório e tentou convencer o povo a não participar do movimento. O movimento foi esfriando e o povo atendeu à solicitação.

Victoriano Borges viajou à Bahia para falar com o Conde de Arcos sobra a agitação que estava havendo em Alagoas, mas o Vice-Rei falou que o Padre Roma foi fuzilado. Victoriano se desesperou e fugiu.

Diante da agitação, o Ouvidor Batalha tratou de falar com o Vice Rei sobre a separação da Comarca de Alagoas da jurisdição de Pernambuco, anexando à Bahia e instalando um governo provisório. O Conde concordou com a separação, mas não com o governo provisório.

Os revoltosos cercaram a Capitania de Pernambuco e prenderam todos os revoltosos.

Alagoas estava com condições de se separar de Pernambuco, fato que estava influenciado pelos ideais revolucionários, que ganhou popularidade em vários países.

POVOAMENTO DE ALAGOAS


Quando da instituição do sistema de Capitanias Hereditárias (1534), Alagoas integrava a Capitania de Pernambuco, e a sua ocupação remonta à fundação da vila do Penedo (1545), às margens do rio São Francisco, pelo donatário Duarte Coelho Pereira, que incentivou a fundação de engenhos na região. Palco do naufrágio da Nau Nossa Senhora da Ajuda e subsequente massacre dos sobreviventes, entre os quais o Bispo D. Pero Fernandes Sardinha, pelos Caetés (1556), o episódio serviu de justificativa para a guerra de extermínio movida contra esse grupo indígena pela Coroa portuguesa. Para vingá-lo, Jerônimo de Albuquerque comandou uma expedição guerreira contra os caetés, destruindo-os quase completamente.
Duarte Coelho, segundo os historiadores, era dotado de muita capacidade administrativa e devotado a causa do governo português. Suas cartas ao Rei Dom João III, eram verdadeiros relatos sobre a riqueza da capitania, suas paisagens e os índios. Fundou Olinda, fez aliança com os índios e iniciou o plantio da cana-de-açúcar, realizado em solo de massapê, dando origem aos primeiros engenhos.
Após sua morte, seu filho de Duarte de Albuquerque assumiu a Capitania de Pernambuco e, após algumas explorações, voltou à Lisboa e de lá partiu para a África, onde morreu numa batalha, assumindo em seu lugar seu irmão Jorge de Albuquerque.
           Jorge de Albuquerque dividiu a Capitaneia em duas partes, sendo a do norte com sede em Olinda, ficou por ele administrada. A do sul, que hoje é o Estado de Alagoas, foi dividida em sete sesmarias.

           Dentre os que receberam as sesmarias, destacam-se a de Cristóvão Lins, que ficava do rio Manguaba ao Cabo de Santo Agostinho, onde fundou a cidade de Porto Calvo, e a de Diogo Soares da Cunha, que compreendia da Pajussara ao Porto do Francês. Anos depois, Diogo Soares lançou fundamento de uma povoação que recebeu o nome de Santa Maria Magdalena das Lagoas do Sul, depois Alagoas do Sul e, finalmente, Marechal Deodoro.
          Mas toda essa extensão de terras, entre o Litoral e o Sertão precisava ser colonizada. Aí surge a figura de um alemão: Cristhovan Lintz, depois aportuguesado para Cristovão Lins. Ele vivia em Portugal, onde casou-se com Adriana de Hollanda, filha do holandês Arnault de Hollanda e da portuguesa Brites Mendes de Vasconcellos Hollanda. O casal desembarcou no Recife, na primeira metade do século do descobrimento (XVI) e ganhou uma imensa sesmaria, compreendendo o Cabo de Santo Agostinho até o vale do rio Manguaba. Nessas proximidades, Lins fundou a cidade de Porto Calvo, como também fundou os primeiros engenhos: Escurial, Buenos Aires e Maranhão.
           O segundo colonizador foi o português Antonio de Barros Pimentel, casado com Maria de Hollanda  Barros Pimentel, irmã da mulher de Cristovão Lins. Ele chegou ao porto da Barra Grande (Maragogi), ainda com a roupa que usava na Corte, em Lisboa. Era um nobre, descendente de uma das mais importantes famílias de Portugal, originária da cidade de Viana, mas com os seus ancestrais surgidos na Espanha. Ganhou uma sesmaria que compreendia as terras entre os rios Manguaba, passando pelo  Camaragibe e chegando ao rio Santo Antonio, em São Luiz do Quitunde. Construiu engenhos de açúcar e criou gado.

A sesmaria que compreendia às margens das lagoas Mundaú e Manguaba, pertencia ao português Diogo Soares, enquanto em São Miguel dos Campos, o dono das terras era Antônio de Moura Castro e as de Penedo, comandadas por Rocha Dantas. Outras sesmarias de menor porte foram surgindo em vários pontos de Alagoas.
O transporte usado na época era o burro, devido à sua resistência em terrenos irregulares. O burro era usado pelos tropeiros, que eram funcionários do Império Português responsáveis pelo transporte de várias coisas, em virtude de não existir transportadoras. Além do transporte de mercadorias, alimentos, utensílios etc., eles faziam o serviço de entrega de correspondência entre os povoados.
A religiosidade era um ponto forte entre essas pessoas. Deve-se também à construção de várias capelas em nosso Estado, de onde surgiram vários povoados.

 
 












 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

QUILOMBO DOS PALMARES


Os negros africanos, que chegavam aos montes aos engenhos de Alagoas, logo que foi autorizado o tráfego negreiro, viviam como escravos, sendo maltratados, e trabalhando para enriquecer o patrão branco. Obviamente que eram revoltados e procuravam a todo custo, conquistar a liberdade. Eram transportados pelos navios negreiros da África para o Território Brasileiro em péssimas condições, expostos às diversas formas de contaminação.

Eram vendidos de acordo com sua capacidade física, observando que, durante a viagem, os estavam doente e inválidos eram jogados ao alto-mar.

Devido aos maus tratos, os escravos lutavam pela sua liberdade, e uma das formas eram as constantes fugas para outros locais, formando povoados que seriam conhecidos como quilombos. Cada quilombo tinha um líder de raça para organizar suas manifestações a favor da libertação dos escravos.

Em Alagoas, existiu um líder chamado Ganga Zumba, o qual levou um grupo de negros para um local distante dos canaviais, no alto da Serra da Barriga, no atual município de União dos Palmares. Os engenhos localizavam-se nos vales dos rios Manguaba, Camaragibe e Santo Antônio. A notícia foi se espalhando e a cada dia, chegavam mais negros fugitivos.

Logo batizaram o local de Quilombo dos Palmares. Terra fértil, boa para o plantio de qualquer tipo de lavoura, foi se tornando um importante centro produtor. Os negros construíram uma verdadeira civilização, assim como era na África. Ganga Zumba se constituía no Chefe de Governo e tinha seus Ministros. Formou-se então uma verdadeira República Parlamentarista. Um avanço na época. Lá, eles viviam livres, falavam seu próprio idioma, não eram maltratados pelos brancos e podiam cultuar suas tradições religiosas e festivas.

Palmares ocupava inicialmente a vasta área que se estendia, coberta de palmeiras, do cabo de Santo Agostinho ao rio São Francisco. A superfície do quilombo, progressivamente reduzida com o passar do tempo, concentrar-se-ia, em fins do século XVII, na ainda extensa região delimitada pelas vilas de Una e Serinhaém, em Pernambuco, e Porto Calvo, Alagoas e São Francisco (Penedo), em Alagoas.

Vez por outra, os portugueses, brasileiros e até os holandeses, tentaram acabar com esse refúgio dos negros. Não conseguiram. A população negra era mais numerosa e organizada. O tempo foi passando, e Ganga Zumba já não conseguia ter forças para liderar a comunidade. Na tradição africana, a hereditariedade era passada de tio para sobrinho. E, assim ele escolheu um desses sobrinhos: Zumbi, um jovem negro, forte, educado por um padre de Porto Calvo, que logo afeiçoou-se a causa da liberdade integrou-se ao Quilombo.

Zumbi era um líder nato. Sua companheira Dandara, uma mulher forte, guerreira, que liderava o grupo feminino. Organizado, logo pôs ordem no Quilombo, nomeando seus assessores e distribuindo tarefas para toda a população, que era preparada para a batalha. Quando esse dia chegava, ninguém dormia. O quilombo fervia. Eram homens, mulheres e crianças de prontidão para o ataque. E foram vários.

Por quase um século o Quilombo dos Palmares resistiu. Mas em novembro de 1695, os brancos conseguiram subir a Serra da Barriga. Era um grupo numeroso e fortemente armado, liderado por Domingos Jorge Velho e Bernardo Vieira. O sangue jorrou. Milhares de negros foram barbaramente assassinados. Zumbi conseguiu fugir acompanhado de alguns de seus companheiros. Lutou até o fim, quando viu tudo que construiu ser destruído e seus irmãos de cor, sendo mortos.

Existem duas versões sobre a morte de Zumbi. A primeira é a de que ele suicidou-se, pulando de um precipício na Serra da Barriga. Mas os historiadores da época, afirmam que ele foi assassinado mesmo, depois de alguns dias da destruição total do Quilombo. Sua cabeça foi cortada e levada ao Recife, para ser exposta ao público como um troféu. Era o dia 20 de novembro de 1695. E depois de três séculos, essa data vem sendo lembrada como o Dia Nacional da Consciência Negra. A cada ano, centenas de negros e brancos sobem à Serra da Barriga nesse dia, para reverenciar Zumbi e sua raça.

EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE ALAGOAS


Alagoas em seu início pertenceu à Capitania de Pernambuco, e desde a Revolução Pernambucana que sua emancipação política foi reivindicada.

O Ouvidor Antônio Ferreira Batalha recebeu a promoção de Desembargador por D. João VI, rei de Portugal, pelos seus serviços prestados.

Alagoas mostrava que economicamente era desenvolvida e que tinha condições de se tornar independente de Pernambuco. Devido ao reconhecimento por D. João VI, Alagoas recebeu de Sua Majestade o Alvará determinando sua Emancipação em 16 de setembro de 1817. A partir desta data, Alagoas passou a ter foros de Capitania, obedecendo às ordens diretas do Reino de Portugal, tendo como Capital a Vila de Alagoas, que era a Cabeça de Comarca.

Para o governo da nova Capitania, D. João nomeou o português Sebastião Francisco de Melo Póvoas, mas, este chegou em 27 de dezembro de 1817. Póvoas não foi recepcionado no porto de Maceió porque chegou inesperadamente. Póvoas ficou encantado com a beleza da vila e decide se hospedar em um sobrado na rua do Comércio.

Alguns dias depois, Póvoas foi homenageado pela Câmara local. Na ocasião, os vereadores pediram-lhe que fixassem residência na Vila de Maceió e apresentou os motivos para a transferência da capital, devido à proximidade do Porto do Jaraguá. Após ouvir os pedidos, decidiu que a capital continuara a ser a Vila de Alagoas.

Após sua estadia em Maceió, Póvoas foi à Vila de Alagoas em 22 de janeiro de 1819 para tomar posse de seu cargo, sendo o local escolhido para seu discurso a Igreja Nossa Senhora da Conceição. Ao chegar à Capital da Capitania, compreendeu as razões pelo pedido de mudança de sede.

Póvoas causou muita ciumeira pelo fato de permanecer em Maceió, onde despachava. Ao tomar posse, Povoas tinha que organizar o corpo administrativo de sua gestão. Criou a Junta Administrativa, que tinha ele como presidente, Ouvidor Batalha como juiz e Floriano Delgado como escrivão. Par evitar reclamações, foi pedido pelo governador pareceres sobre a instalação da junta, todos submetidos ao Desembargador Batalha. Após as apreciações. Ficou decidido que a Junta seria instalada em Maceió.

Póvoas mandou fazer uma planta arquitetônica das ruas de centro de Maceió, que permanece até os dias de hoje.

Seu governo durou até 1822, em que no dia 31 de janeiro, partiu do Porto do Jaraguá para Lisboa, encerrando seu mandato de três anos, resultando no progresso da Capitania de Alagoas.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

ELEVAÇÃO DE MACEIÓ À VILA


O povoado de Maceió, em algumas décadas, foi perdendo o aspecto rural e se tornando um povoado comercial, sendo o ponto de encontro de duas estradas importantes: a do norte ia para Porto Calvo a do Sul para a Vila de Alagoas (hoje Marechal Deodoro).

Devido ao desenvolvimento acelerado, o porto de Jaraguá estava sendo mais procurado que o do Francês por causa de sua proximidade com a vila. Esse motivo fez com que os habitantes da Vila de Alagoas temessem perder o privilégio de Cabeça de Comarca, iniciando disputas regionais, cada uma se esforçando para se sobressair nas exibições sociais e no crédito comercial.

Em 05 de dezembro de 1815, o rei Dom João, após as informações do Ouvidor Antônio José Ferreira Batalha, assinou o Alvará, elevando à categoria de vila os povoados de Maceió e Porto de Pedras. Maceió passou a ser desmembrada de Alagoas.

Após o desmembramento da Vila de Maceió, os moradores providenciaram a organização da Câmara e os preparativos para a inauguração da Vila. Ergueram o Pelourinho no pátio da Capela, onde hoje é a Praça D. Pedro II, que era uma coluna de tijolo, e que representava a autonomia da vila.

Após a construção da Casa e da Cadeia, a vila de Maceió foi inaugurada no dia 29 de dezembro de 1816, com a presença dos vereadores, do padre, e principalmente do Ouvidor Batalha, que foi o orador da solenidade.

Maceió como vila, já possuía as seguintes ruas: do Comércio, da Ladeira (Barão de Anadia), da Boa Vista, do Sol (hoje também João Pessoa), do Livramento (Senador Mendonça), do Alecrim (atual Alegria), do Ferreiro (Melo Moraes), Cotiguiba (atual Praça Deodoro) e Travessa Boa Vista (atual Rua Augusta).

CRIAÇÃO DA COMARCA DE ALAGOAS


As câmaras das vilas de Alagoas, Penedo e Porto Calvo levaram uma reclamação popular a Francisco de Castro Morais, Governador da Capitania de Pernambuco, e este, reconhecendo a necessidade dessa reclamação, enviou uma Carta Régia ao Reino, em 1706, solicitando a criação da Comarca, com jurisdição das terras de Porto Calvo ao São Francisco.

Após o acontecimento da Guerra dos Mascates, que era entre os habitantes de Recife e Olinda, que durou de 1710 a 1711, José Felix Machado assumiu o governo da Capitania e, ao reconhecer a participação popular na expulsão dos holandeses e no combate aos quilombos, reconheceu o progresso da Parte Sul, elevando Alagoas à condição de Comarca em 12 de maio de 1712, nomeando seu primeiro Ouvidor o bacharel José Soares da Cunha, designando dois termos, Penedo e Porto Calvo, onde permanecia um juiz ordinário, e a “cabeça-de-comarca” (uma espécie de sede) a vila de Alagoas (atual cidade de Marechal Deodoro), onde permanecia o Ouvidor.

A criação da Comarca foi um grande passo para o desenvolvimento do território alagoano, nos aspectos político, econômico e demográfico.  Antes da criação da comarca, os grandes proprietários ocupavam as funções de juiz e de policial, elaborando suas próprias leis. Depois que os juízes assumiram suas funções, essa autoridade foi quebrada. Na economia, sua renda estava maior que a Capitania da Paraíba.

Enquanto a economia prosperava, havia um crescimento populacional tanto no litoral quanto no interior. Além de Alagoas, Penedo e Porto Calvo, alguns povoados se desenvolveram, como São Miguel dos Campos, Atalaia, Anadia (originária de um arraial), Piaçabuçu (que tinha algumas casas e a capelinha de São Francisco do Borja), Palmeira dos Índios (originou-se do Aldeamento Chucurus), Porto Real do Colégio e Maceió, um povoado em desenvolvimento.

ORIGEM DE MACEIÓ


Maceió vem da palavra MACAIÓ-K, MAÇAÓ ou MASSAYO, que significa “o que tapou o alagadiço”.

A origem de Maceió é cercada de dúvidas porque não existem documentos que comprovem. O Estado de Alagoas surgiu com a origem de várias vilas, além de ter sido parte da Capitania de Pernambuco.

Existe uma escritura, datada de 1611, pertencente a Diogo Soares da Cunha que faz menção a uma sesmaria doada a Manoel Antônio Duro, referente a uma casa de telha, de sua propriedade, localizada no bairro da Pajuçara.

Como o açúcar era um produto explorado e que trazia riquezas, alguns engenhos foram construídos e, ao redor deles foram construindo várias casas, formando povoados, e destes foram surgindo várias cidades, assim como Maceió surgiu de um engenho.

Existem dúvidas sobre qual engenho originou a cidade de Maceió: uma é que a cidade foi originada de um engenho chamado Massayo, e outra é que surgiu de um engenho perto do riacho Salgadinho.

Em relatos sobre a primeira versão, consta que o engenho Massayo era de propriedade do capitão Apolinário Fernandes Padilha e de sua mulher Beatriz Ferreira Padilha. Esse engenho era localizado onde hoje é a Assembleia Legislativa, situada na Praça D. Pedro II, e nele havia uma capelinha, sob o patrocínio de São Gonçalo do Amarante, que permaneceu até 1850, quando foi demolida para construção da catedral Metropolitana de Maceió, onde até hoje está edificada.

A outra versão é que a cidade foi originada de um engenho que ficava próximo ao um riacho, que era denominado pelos índios de Massayo, onde hoje é o riacho Salgadinho, o qual corta a cidade. Ao redor desse engenho surgiram vários povoados que futuramente, com o crescimento elevaria Maceió à condição de vila. Talvez esse local da construção desse engenho tenha sido escolhido por ser próximo ao porto do Jaraguá, como também para facilitar o transporte do açúcar.

ALAGOAS NO INÍCIO DA COLONIZAÇÃO

            No ano de 1500, Dom Manuel, Dom Manuel, rei de Portugal, preparou uma frota, composta de treze caravelas e mandou ara as Índias, comandada pelo Almirante Pedro Álvares Cabral.  

Alguns documentos registram esse fato histórico, porém o mais importante foi a carta de Pero Vaz de Caminha, a qual descreve o que aconteceu durante a viagem. Nessa carta, Caminha relata que do alto mar, avistaram um monte a que deram o nome de Monte Pascoal.

O território recém-descoberto recebeu os nomes de ILHA DE VERA CRUZ, TERRA DE SANTA CRUZ e depois BRASIL, pelo fato de ter uma espécie de árvore que existia em abundância, de onde era extraída uma tinta vermelha, que era o pau-brasil (madeira cor de brasa).
  
A primeira expedição ao Sul da Capitania de Pernambuco foi conduzida pelo próprio donatário, Duarte Coelho, que saiu do Recife beirando o litoral até chegar à foz do rio São Francisco. De lá, rio acima, deparou-se com um local privilegiado pela natureza, com o rio cheio de pedras. Edificou um forte e deu origem a povoação de Penedo, a qual talvez tenha sido encontrada por seu filho Duarte de Albuquerque, acompanhado de seu irmão Jorge de Albuquerque.

Duarte Coelho, segundo os historiadores, era dotado de muita capacidade administrativa e devotado a causa do governo português. Suas cartas ao Rei Dom João III, eram verdadeiros relatos sobre a riqueza da capitania, suas paisagens e os índios. Fundou Olinda, fez aliança com os índios e iniciou o plantio da cana-de-açúcar, dando origem aos primeiros engenhos.

Após sua morte, seu filho de Duarte de Albuquerque assumiu a Capitania de Pernambuco e, após algumas explorações, voltou à Lisboa e de lá partiu para a África, onde morreu numa batalha, assumindo em seu lugar seu irmão Jorge de Albuquerque.

Jorge de Albuquerque dividiu a Capitaneia em duas partes, sendo a do norte com sede em Olinda, ficou por ele administrada. A do sul, que hoje é o Estado de Alagoas, foi dividida em sete sesmarias.

Dentre os que receberam as sesmarias, destacam-se a de Cristóvão Lins, que ficava do rio Manguaba ao Cabo de Santo Agostinho, onde fundou a cidade de Porto Calvo, e a de Diogo Soas da Cunha, que compreendia da Pajussara ao Porto do Francês. Anos depois, Diogo Soares lançou fundamento de uma povoação que recebeu o nome de Santa Maria Magdalena das Lagoas do Sul, depois Alagoas do Sul e, finalmente, Marechal Deodoro.

As povoações se desenvolveram sempre nas proximidades dos acidentes hidrográficos, surgindo a partir daí, os três primeiros núcleos de povoamento de Alagoas: Porto Calvo, banhado por quatro rios, ao norte, Santa Maria Madalena (atual Marechal Deodoro), as margens da Lagoa Manguaba, ao centro, e Penedo, às margens do rio São Francisco, ao sul.

Da ligação comercial entre os três primeiros núcleos surgem outro como Santa Luzia do Norte, São Miguel dos Campos, e Porto de Pedras, todos também caracterizados pela presença de água.

 O que movimentava a economia entre essas povoações eram os engenhos de cana-de-açúcar que foram se desenvolvendo e à proporção que iam aumentando em número, tornava-se necessário aumentar a plantação de matéria prima, a cana-de-açúcar. A grande maioria dos engenhos se desenvolveu na Zona da Mata e na Zona Litorânea, exatamente onde hoje se encontram usinas de açúcar e destilarias de álcool.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

HOLANDESES EM ALAGOAS


No início do século XVII, os holandeses fizeram diversas tentativas de se estabelecer no Nordeste brasileiro.

O primeiro ataque ocorreu em Salvador, na Bahia, em 1624, e durou apenas um ano. Em 1627 houve nova tentativa frustrada. A segunda capitania escolhida pelos holandeses, em 1630, foi a de Pernambuco, com o objetivo de explorar o açúcar.

O objetivo das invasões holandesas era retomar o controle do comércio do açúcar brasileiro, voltando a distribuí-lo no mercado europeu. Já que o litoral de Pernambuco era uma próspera área produtora de açúcar, essa capitania foi estrategicamente escolhida, com o objetivo de explorar o açúcar da região. O governador da Capitania era Matias de Albuquerque, que recebeu a ajuda de um fidalgo italiano a serviço da Espanha, que era o Conde de Bagnuolo, para atacar os holandeses. Em 1633, os holandeses atacaram a vila de Alagoas, que foi quase toda destruída. Dois anos depois, em invasores se dividiram e dois grupos, sendo um invadindo Porto Calvo, sendo orientados por Calabar, e outro foi para Pernambuco, invadindo o Arraial de Bom Jesus, entre Recife e Olinda. Chegando ao Forte de Nazaré, atacaram Mathias de Albuquerque, mas esse não tinha mais recursos e resolveu se entregar. Após a prisão de Albuquerque, o grupo resolveu encontrar Bangnuolo, marchando para Santa Luzia do Norte. Albuquerque, mesmo preso, contou com a ajuda de todos, o que provou que era um líder nato, e com sua inteligência, passou a contar com a ajuda de todos, e resolveu escolher aqueles que mais se destacavam. Albuquerque retirou-se seguido por Henrique Dias, comandando um batalhão de negros, e o casal Felipe e Clara Camarão, acompanhado de um batalhão de índios. Além desses últimos, uma grande multidão os acompanhou, e esse episódio ficou conhecido como ÊXODO PERNAMBUCANO.

Chegando em Porto Calvo, encontraram trincheiras holandesas, e a igreja, foi transformada num forte

Após muitas lutas entre portugueses e holandeses, Matias de Albuquerque reconquistou Porto Calvo. Em junho de 1635, Calabar foi capturado por Matias de Albuquerque. Foi preso como traidor, acusado de ter agido por dinheiro. Em julho de 1635, foi enforcado e esquartejado em sua terra natal.

Três dias depois, o general holandês Segismund von Sckopp chegou em Porto Calvo e, sabendo da morte de Calabar, mandou juntar todos os restos mortais e  organizou um enterro com todas as honras militares.

Calabar entrou para a história como um dos mais famosos traidores do Brasil. Ele, porém, nunca se considerou um traidor. Em sua carta-testamento, deixou claro que preferia derramar seu sangue pela causa que abraçara por considerá-la justa, a viver sob o domínio mesquinho dos portugueses, que só queriam mesmo explorar os brasileiros.

 

PRESENÇA DOS HOLANDESES

A fase mais duradoura dessas invasões foi mesmo a dos holandeses, que transformaram a Capitania de Pernambuco no Brasil Holandês. E muito contribuíram para o seu desenvolvimento, embora Alagoas não tenha experimentado essa fase de apogeu, que restringia-se mais ao Recife e Olinda. Por aqui, foi mais destruição, como ocorreu com a Vila de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul (atual Marechal Deodoro), completamente incendiada pelos holandeses, que ainda tentaram fazer o mesmo em Santa Luzia do Norte, não conseguindo, devido à ação rápida de seus moradores, liderados por dona Maria de Souza. Em Penedo, construíram um forte, depois destruído pelos brasileiros e portugueses, que não queriam qualquer lembrança dessa fase.

Outro episódio que marcou a presença dos holandeses em Alagoas, foi a Batalha da Mata Redonda, uma alusão ao local (hoje pertencente ao município de Porto de Pedras) onde ocorreu a mais sangrenta batalha entre holandeses, portugueses e brasileiros, vencida pelos primeiros, por ter um maior arsenal e maior contingente de homens. 

Mas os holandeses liderados por Maurício de Nassau, muito fizeram por Pernambuco. A cultura, a educação, o avanço na agricultura e na pecuária. Enfim, uma civilização que eles queriam formar, e transformar numa colônia desenvolvida. Construíram pontes (ainda existentes), teatros e outras grandes obras no Recife, cidade que ainda hoje lembra esse período de desenvolvimento cultural e econômico. É notório o gosto pela cultura do povo pernambucano, notadamente de Recife e Olinda. Por lá, surgem movimentos culturais que se expandem Brasil afora. O próprio frevo é criação dos pernambucanos.

Maurício de Nassau foi inegavelmente o maior administrador que o Brasil já teve. Era organizado, trabalhador e extremamente ético, qualidades que os demais donatários portugueses não possuíam, optando mesmo pela exploração, a escravidão dos negros e índios e o aumento da produção de açúcar para enviar a Portugal.

Na época do governo de Nassau, Portugal se libertou do domínio espanhol, nomeando rei o Duque de Bragança, D. João IV e, não podendo lutar ao mesmo tempo com dois inimigos, firmou uma trégua de dez anos com a Holanda, suspendendo as lutas em Pernambuco.

Em sua administração, Maurício de Nassau demonstrou suas boas relações com os pernambucanos. As crueldades estavam proibidas em Pernambuco, e um chefe militar, quando ousou desobedecer, foi mandado de volta para Holanda por Nassau. Chegando a esse país, vingou-se perversamente de Nassau, acusando-o de má administração e também de fazer concessões.

Em 1643, a Companhia das Índias Ocidentais demitiu Nassau de seu cargo, sendo nomeada uma junta que passou a governar Pernambuco, e, não tendo pulso para governar, usou a violência e a exploração como meios fáceis, o que acabou arruinando a conquista holandesa.