terça-feira, 9 de dezembro de 2014

GOVERNO MUNIZ FALCÃO


Sebastião Marinho Muniz Falcão era pernambucano, nascido em Araripina. Formado em Direito, foi nomeado para a Delegacia Regional do Trabalho, com a tarefa de fazer cumprir no Estado a legislação trabalhista. Estando em Alagoas, iniciou sua carreira política como deputado federal, sendo eleitas duas vezes tendo a maior votação da história, no ano de 1954.

Em 1955, Muniz é eleito governador. Em seu governo, ele não foi muito feliz. Seu governo foi marcado por graves acontecimentos políticos ocorridos no Estado.

Alagoas estava passando por uma fase em que era classificada como uma terra sem lei e com impunidade.

Fato que chamou a atenção foi o assassinato do Deputado Estadual José Marques da Silva, ocorrido na praça que hoje leva seu nome, na cidade de Arapiraca, ocorrido em 07 de fevereiro de 1957, por razões políticas.

Muniz aprovou a taxa sobre o açúcar, o fumo e tecidos, propondo 1,5%, cujos recursos seriam aplicados nas áreas de educação, saúde e infraestrutura, mas a Assembleia aprovou apenas 5%, resultando no desentendimento entre Assembleia e Governo. “A partir daí, fizeram de tudo para tirar Muniz da administração pública municipal” segundo seu irmão Djalma Falcão, que posteriormente seria prefeito de Maceió de 1986 a 1989.

Um dos episódios marcantes em seu governo foi o fatídico dia 13 de setembro de 1957, que era uma sexta-feira. Esse foi um confronto político acontecido na Assembleia Legislativa, em que transformou a Praça D. Pedro II em um palco de guerra. Foram colocados diversos sacos de areia para proteger a Imprensa que estava fazendo uma cobertura sobre o evento. Apareceram vários deputados da situação e da oposição, todos devidamente armados.

No prédio da Assembleia estavam muitos policiais para garantir que a sessão iniciasse sem problemas, como também para impedir a invasão de pessoas estranhas ao recinto.

A sessão não havia começado e o tiroteio na praça começou, resultando na morte de cinco deputados, entre eles Humberto Mendes, sogro do governador, um funcionário da Assembleia e m jornalista ferido. A gravidade do fato, no entanto, foi levada ao presidente Juscelino Kubitschek que decretou intervenção federal no estado em 15 de setembro e no dia 18 os deputados estaduais aprovaram o impedimento do governador que foi substituído pelo vice-governador Sizenando Nabuco.

Inconformado, Muniz entrou com recurso no prazo legal, levando a formação de com um tribunal especial constituído por desembargadores do TJ e cinco deputados, no qual Muniz Falcão saiu vitorioso, reassumindo o cargo em 24 de janeiro de 1958, terminando seu mandato em 1960. Existem fontes que afirmam que Muniz Falcão entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal, cujo recurso foi aprovado, sendo reconduzido ao governo do Estado, terminando seu mandato em 1961, sucedido por Luís Cavalcante.

GOVERNO ARNON DE MELLO


Alagoano nascido em Rio Largo, em 19 de setembro de 1911, era de descendente de família proprietária de engenho de açúcar na cidade de Santa Luiza do Norte, o Engenho Cachoeirinha. Durante sua adolescência foi para o Rio de Janeiro, onde estudou Jornalismo, Direito e trabalhou no mercado imobiliário. Retornou a Alagoas ingressando na política. Ocupou os cargos de Deputado Federal em 1945. Após ser eleito Para Deputado Federal e Governador de Alagoas, em 1950, optou pelo último cargo. Simpático e cativando as pessoas por onde passava, Arnon de Mello estendia a mão para todos. 

Desde sua adolescência teve envolvimento com um conhecido grupo de intelectuais que se destacavam, Jorge de Lima, Aurélio Buarque de Holanda, Manuel Diegues Jr., José Lins do Rego, Rui Lima e Valdemar Cavalcanti que, na década de 1920, debatia, publicava e organizava eventos artístico-culturais em Alagoas. Politicamente, esses intelectuais estavam ligados ao grupo derrotado pela Revolução de 30 e tinham participação ativa nos embates políticos desde o ano de 1935, época em que, Osman Loureiro e Silvestre Péricles disputaram a eleição para governador. Nessa eleição, o candidato de Silvestre Péricles vai ser derrotado em uma campanha considerada inovadora.

No dia 31 de janeiro de 1951 foi recebido pela população no Aeroporto, de onde iniciou um trajeto até a cidade de Maceió, com as pistas cheias de gente, que acreditavam em dias melhores para o governo.

Sua gestão foi marcada por dificuldades deixadas pelo governo anterior. Uma delas foi conseguir recursos para o Estado, uma vez que Arnon de Mello não fazia parte do partido do Presidente da República, mas como era comunicativo, acabou sensibilizando-o e conseguindo verbas.

O governo Arnon de Mello, contudo, não consegue diferenciar-se muito do cotidiano de seu antecessor. Os conflitos vão continuar no interior, redundando em tiros e mortes. Além do mais, a oposição leva a efeito uma forte campanha denunciando irregularidades, mordomias, desvios de recursos públicos e má aplicação de verbas, o que vai criar um grande desgaste na imagem de seu governo. Mesmo com os desgastes, conseguiu fazer alguns feitos por Alagoas.

Seu Mandato terminou em 1956, tendo como sucessor Sebastião Marinho Muniz Falcão.

GOVERNO DE SILVESTRE PÉRICLES


Com a queda da Ditadura, começou o período de redemocratização no País. O segundo semestre de 1946 foi de relativa tranquilidade para o Estado de Alagoas. Como o país estava em constante transição, em 18 de setembro de 1946, foi promulgada mais uma Constituição no país, sendo a quinta do Brasil e a quarta da República. Nela seria devolvida a autonomia dos Estados e determinava eleições diretas para todos os cargos.

No ano de 1946 iniciou-se o período de campanhas eleitorais para o cargo de governador do Estado.  Dentre os nomes, estavam concorrendo para o cargo SILVESTRE PÉRICLES DE GÓES MONTEIRO e Rui Soares Palmeira, sendo este concorrendo pela oposição.

Em janeiro de 1947, as eleições para governador, senador e deputados foram realizadas de forma tranquila. Nessas eleições foi confirmada a vitória de Silvestre Péricles sobre Rui Soares Palmeira para governador, que teve como aliado o seu irmão, o General Pedro de Góes Monteiro, eleito senador.

Em 10 de março de 1947, foi instalada a Assembleia Constituinte, funcionando provisoriamente no prédio da Associação Comercial, em Jaraguá. Dezenove dias depois, o Governador Silvestre Péricles é empossado, e nesse dia o Interventor Guedes de Miranda fez uma oração na solenidade de transferência do cargo, afirmando que Alagoas estava tranquila e aguardava uma era de paz, de trabalho, de justiça e de liberdade.

No começo de seu mandato, Silvestre mostrou ser um bom administrador dos negócios públicos. Depois mostrou sua verdadeira personalidade: intempestivo, inconsequente e desequilibrado.  Sua administração repercutia negativamente na Imprensa e no Parlamento Nacionais.

O mandato de Silvestre Péricles transcorre em clima de constantes conflitos com a oposição na Assembleia Legislativa, oposição esta, representada pela coligação udeno-comunista. O governador procurava atacar este grupo como se entre udenistas e comunistas não houvesse diferenças, sobretudo, parecia ter perdido a noção de sua origem oligárquica, a exemplo da UDN, com uma importante ressalva: a de que sua família havia, desde o inicio do século, se afastado das estruturas do poder local.

Outros fatos que marcaram o mandato de Silvestre Péricles foram o episodio da prisão dos deputados estaduais comunistas e o tiroteio, por ocasião de um comício realizado pela UDN na cidade de Coruripe, em 1948, na eleição para prefeituras do interior, no qual, os seguidores do governador não queriam permitir que, no palanque, a oposição fizesse criticas ao chefe do Executivo. Este fato resulta em mortos, feridos e prisões arbitrárias de deputados da UDN. Na verdade, um sério ambiente de violência no interior do Estado foi o aspecto que tendeu a sobressair durante este governo: agressões e frequentes trocas de tiro que, normalmente, resultava em mortes.

Conflitos com o Tribunal de Justiça do Estado também foram fatos que marcaram seu governo. Ameaçado de "impeachment", mandou cercar a Assembleia por forças policiais, provocando pânico. Constantes vetos a aumento de salários dos deputados, como também seus projetos eram vetados na Assembleia Legislativa. Acusado de não haver composto um bom secretariado e ouvir figuras inexpressivas que receberam o codinome pejorativo de "gafanhotos". Confundiu a luta contra os comunistas como sendo a mesma coisa que a luta contra as oligarquias, favorecendo as oligarquias com as quais estava em choque, não conseguindo avaliar e estancar as manobras udenistas que tanto se aliaram aos comunistas em horas propícias, como a Ismar e Edgar de Góis Monteiro em horas de graves confrontos. Passados os anos, o que sobrou do Ciclo Góis Monteiro é o seguinte: as antigas oligarquias derrotadas em 30 se reuniram na UDN, esgotada em tentativas de golpes de Estado e derrotas eleitorais, mas ressuscitada na ARENA, e agora solidificada no PFL; os comunistas afastados da cena política pelo Presidente Dutra, mas ressuscitados pela Constituição de 1988, e novamente derrotados pela Queda do Muro de Berlim e o fim da experiência socialista soviética, de natureza político-partidária, é bom se diga, limitando-se, no momento, à mera luta de sobrevivência político-parlamentar e, finalmente, os Góis Monteiro sumidos do cenário político pela carência e também pela não qualificação em tempo hábil de herdeiros políticos, tanto legítimos como adotivos.

Em 1950, o Estado de Alagoas presenciou a derrota de Silvestre Péricles para a reeleição, juntamente com seu irmão, o General Góes Monteiro, também derrotado para o cargo de senador, ano em que encerraria o ciclo da família Góes Monteiro, passando a ser eleito para o governo ARNON AFONSO FARIAS DE MELLO.

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS:

 

ALBUQUERQUE, Isabel Loureiro de – Nosso Estado Nossa História. Maceió, SERGASA – Serviços Gráficos de Alagoas S.A. 1991.

 

COSTA, Rodrigo José da -  Sob o signo do sangue: a trajetória republicana em Alagoas e a sinfonia da violência em tom maior (1930 – 1964)


Acesso em: 21 de outubro de 2013

 

NOGUEIRA, Luiz - Governador Silvestre Péricles : Enigma mal decifrado

Disponível em: http://www.luiznogueira.com.br/ensaios/pericle1.htm

Acesso em: 21 de outubro de 2013

 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

ALAGOAS NA REVOLUÇÃO DE 1930


A Revolução de 1930 marca o início de uma era de transformações políticas, sociais e econômicas cujo desfecho só ocorreria com o golpe civil-militar de 1964, começo de outra fase na história brasileira. Em Alagoas, esse período foi marcado por fortes tensões políticas, originadas nas disputas entre setores da oligarquia pelo controle do executivo estadual. Nessa época o Estado Alagoas era governado por Álvaro Paes.

Antes da Revolução de 1930, o país era presidido por Washington Luiz, que governou o país de 15 de novembro de 1926 a 24 de outubro de 1930. Nessa época, Washington Luiz não temia um movimento armado, visto que confiava nos generais que o cercavam e sempre estava em comunicação com os governadores de estado, inclusive o de Alagoas, Álvaro Paes.

Quando o Brasil foi sacudido pela Revolução de 1930, os militares depuseram Washington Luiz, e no dia 03 de novembro de 1930 o gaúcho Getúlio Vargas assumiu a presidência do país, iniciando-se a fase dos interventores nomeados pelo presidente da República. Foram nove, em 15 anos da Era Vargas, que exerciam o cargo obedecendo às decisões do chefe da Nação.

Álvaro Paes sempre recebia jornais do Recife, os quais noticiavam que uma revolução explodira naquela capital. No dia 4 de outubro, os alagoanos receberam a notícia de que a revolução acontecida na capital pernambucana explodiu. Devido às condições que os meios de comunicação da época ofereciam os nordestinos não ficavam sabendo ao certo sobre a situação na Região Sul.

Um telegrama emitido pelo Palácio do Catete, que era a sede do Governo Federal, foi publicado pelo Diário Oficial informando que a situação na Parte Sul estava tranquila, e que as forças estavam fiéis ao Governo.

Ao ver que a Revolução chegou a uma situação extrema, o Presidente declarou “estado de sítio” em todo o país.

A Revolução intensificou a fuga do governador de Pernambuco Estácio Coimbra em direção à praia de Tamandaré com destino ao exílio na Europa em companhia de Gilberto Freyre, então seu secretário particular, porque chegara o General Juarez Távora com tropas federais.

No dia 14 de outubro, por volta das 10h, um avião sobrevoou a capital alagoana, jogando centenas de boletins informando da revolução. Alguns o povo foi em direção à Levada para apanhá-los, outros foram em direção ao 20º BC do Exército. Esses boletins eram assinados pelo General Juarez Távora pedindo ao povo alagoano para participar da revolução.

Após algumas solicitações em relação à renúncia do poder, o governador Álvaro Paes seguiu com sua comitiva ao Porto do Jaraguá, no dia 10 de outubro, em direção ao Estado da Bahia.

O Governo Federal, vendo que os Estados estavam ficando sem governadores, iniciou uma era em que foram nomeados interventores para ocupar as administrações nas respectivas Unidades Federativas.

O primeiro desses interventores foi o sergipano Hermílio de Freitas Melro, que passou um ano no poder, sendo substituído por Luiz de França Albuquerque, alagoano de Viçosa, seguido do capitão Tasso Tinoco, Afonso de Carvalho e Temístocles Vieira de Azevedo. As eleições para deputados são realizadas em 1933, elegendo-se seis alagoanos: Manoel de Goes Monteiro, Izidro Teixeira de Vasconcelos, José Afonso Valente de Lima, Antônio de Melo Machado, Armando Sampaio Costa e Álvaro Guedes Nogueira, representantes do Estado, na Assembleia Constituinte, que promulgou a Constituição de 1934.

Quem mais se destacou como interventor, foi o jurista Osman Loureiro, também eleito governador nas eleições de 1935, permanecendo no cargo até 1937 quando se deu o Golpe do Estado Novo. Nesse período de dois anos, como representante eleito pelo povo, fez várias obras e liberou recursos para as áreas de educação, saúde e segurança pública. Depois, já na ditadura, voltou a ser interventor.

Passaram ainda pela interventoria: José Maria Correia das Neves, Ismar de Góes Monteiro e Antonio Guedes de Miranda. Acaba assim a Era Vargas em Alagoas, iniciando-se o processo de redemocratização, com as eleições gerais de 1946.

A ditadura de Vargas provocou muitas prisões de alagoanos, que defendiam a democracia. O escritor Graciliano Ramos, já famoso na época, foi preso no Rio de Janeiro. Esse episódio gerou o livro Memórias do Cárcere, um best-seller.

Apesar da ditadura, o povo adorava Getúlio, que implantou a Legislação Trabalhista, criou o salário mínimo (muito valorizado na época) e o voto da mulher. Alagoas viveu nas interventorias, satisfatoriamente. No Estado Novo não existia Congresso nem Assembleia. Portanto, gastos com deputados e senadores não era preocupação do governo. A arrecadação servia para pagar suficientemente os salários dos funcionários públicos.

 

REFERÊNCIAS:

 

ALBUQUERQUE, Isabel Loureiro de – Nosso Estado Nossa História. Maceió, SERGASA – Serviços Gráficos de Alagoas S.A. 1991.

 

PIMENTEL, Jair Barbosa - A História de Alagoas Dos Caetés aos Marajás


 

COSTA, Rodrigo José da -  Sob o signo do sangue: a trajetória republicana em Alagoas e a sinfonia da violência em tom maior (1930 – 1964)

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

PRIMEIROS GOVERNADORES DE ALAGOAS


A Província de Alagoas, marcada pela proclamação da República inicia sua nova fase, sendo denominado Estado, tendo como chefe maior o governador. Após os governos de Tibúrcio Valeriano e Pedro Paulino da Fonseca, sucedeu-se uma lista de governadores, a exceção do período ditatorial em que eram interventores, até os dias atuais.

Após o término do mandato de Pedro Paulino, foi eleito Manoel de Araújo Góes, que com sua experiência de governar em face de ter sido presidente da Província de Sergipe, passou a governar o Estado de Alagoas. Antes de ingressar a carreira política, foi advogado e magistrado.

Em seu governo, a crise estava cada vez mais intensa. A população fez uma passeata e Araújo Góes mandou dissolvê-la a bala. Apesar de ser um destemido político, a situação se agravava cada vez mais.

Araújo Góes era um político prático e estava organizando as primeiras leis orgânicas no Estado. Deixou o poder no dia em que o Marechal Floriano assumiu a presidência, passando o Estado a ser governado por uma junta.

Gabino Suzano de Araújo Besouro, conhecido como Gabino Besouro foi um homem inteligente e destemido, que teve seu plano de governo que foi quase todo executado, e, durante o período de 24 de março 1892 a 16 de julho de 1894, tiveram como principais obras:

-         Normalizou o serviço público e tornou eficiente a cobrança de impostos;

-         Adquiriu prédios para estabelecimentos públicos;

-         Promoveu a criação de teatros, com fins educativos;

-         Deu atenção ao ensino de segundo grau, hoje ensino médio;

-         Foram de sua iniciativa as leis de ordem pública no inicio do período republicano

-         Foi criada a primeira bandeira do Estado de Alagoas

-         Foi lançada a 1ª pedra do Palácio do Governo, no Largo dos Martírios, em 16.09.1893.

Governo Barão de Traipu – Dr. Manuel Gomes Ribeiro assumiu em outubro de 1894. Durante sua administração, as agitações continuavam a ocorrer. Nessa administração foram tratadas as questões de limites entre Alagoas e Pernambuco. O Barão entrou de licença, passando o governo para o Coronel Vieira Peixoto, que era vice, e só voltou no dia em que o novo governador tomou posse

Governo Manoel José Duarte - Dr. Manuel Duarte era médico e professor do Liceu Alagoano. Era um homem ponderado, cheio de ideais, mas não teve forças para enfrentar a oposição. Deu grande apoio ao movimento para a criação do primeiro Bispado de Alagoas, porém, quando foi assinado o Decreto Consistorial ele já não estava mais no Poder. Um ano antes de terminar seu mandato, entregou o governo ao vice Santos Pacheco, para se candidatar a senador da República.

No início do século XX, dois irmãos dominaram o governo do Estado, como eleitos pelo povo: Joaquim Paulo e Euclides Vieira Malta, formando o que passou para a História como Oligarquia dos Malta. A família continuou dominando no alto Sertão, elegendo prefeitos e deputados estaduais. Mas, foi se dispersando e a cada eleição, seus candidatos vão sendo derrotados.
 
Euclides Vieira governou o Estado  Malta de 12 de junho de 1900 a 12 de junho de 1903. Durante seu governo  adquiriu apoio em Maceió por meio de uma série de obras públicas, principalmente praças, passeios públicos, a construção do teatro Deodoro da Fonseca, a finalização do Palácio dos Martírios, o erguimento do Palácio da Justiça e do Palácio da Intendência e outras, as quais modernizaram a capital. A remodelação dos espaços públicos esteve sob a coordenação do competente pintor Rosalvo Ribeiro, um dos principais nomes das artes plásticas alagoanas da época. Os prédios citados, que até hoje dão singularidade ao centro da cidade, foram projetados pelo arquiteto italiano Giovanni Luigi Giuseppe Lucarini (1842-1907).
 
Joaquim Paulo Vieira Malta sucedeu Euclides  entre 12 de junho de 1903 e 12 de junho de 1906.
Passou menos de dois anos no governo de Alagoas, pois entrou de licença para fazer um tratamento de saúde, passando assim, o poder para o vice-governador Antônio Máximo da Cunha Rêgo, mas reassumindo o cargo.

Nas décadas de 1930/40, os Góes Monteiro, formaram outra oligarquia. Alagoas passou a ser conhecida como “Alagóes”. Dois irmãos: Ismar de Goes Monteiro e Silvestre Péricles de Goes Monteiro, foram governadores (um, especificamente Interventor, na ditadura de Vargas e o segundo, governador eleito pelo povo). Depois, sucederam-se vários governadores, sendo Álvaro Paes o último governador do período chamado República Velha.

 

REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA


Em 1917 rebentou em Pernambuco uma revolução nativista, que recebeu o nome de Revolução Pernambucana, no qual homens de várias classes conspiravam contra o domínio português.

O movimento foi liderado por Domingos José Martins, com o apoio de Antônio Carlos de Andrada e Silva e de Frei Caneca. Tendo conseguido dominar o Governo Provincial, se apossaram do tesouro da província, instalaram um governo provisório e proclamaram a República.

O movimento iniciou com a ocupação do Recife, em 06 de março de 1817. O governador da capitania Caetano Pinto de Miranda Montenegro ordenou que o Coronel Barbosa de Castro acabasse com a revolução e mandou prender os principais. No regimento de artilharia, o capitão José de Barros Lima, conhecido como Leão Coroado, reagiu à voz de prisão e matou a golpes de espada o comandante Barbosa de Castro. Depois, na companhia de outros militares rebelados, tomou o quartel e ergueu trincheiras nas ruas vizinhas para impedir o avanço das tropas monarquistas. O governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro refugiou-se no Forte do Brum depois de ver sua tentativa de sufocar o movimente ser fracassada. Depois que foi cercado, acabou se rendendo.

Os cabeças do movimento instalaram um governo provisório, mas sequer comunicou aos moradores da Comarca de alagoas, mas mesmo assim, a notícia terminou se espalhando.

O Advogado José Ignácio de Abreu e Lima, conhecido com Padre Roma foi à, a serviço dos “cabeças” para falar com o Conde dos Arcos, que era o Vice-Rei do Brasil. Depois, Padre Roma passou em Alagoas, espalhando folhetos e informações, confiando a tarefa a Victoriano Borges da Fonseca, Comandante das Armas, que, ousando desobedecer a ordem de impedir o movimento, soltava os presos, lia as proclamações em voz alta, soltava os presos e rasgava os símbolos da Realeza.

Em 29 de março foi convocada uma assembleia constituinte, com representantes eleitos em todas as comarcas, foi estabelecida a separação entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; o catolicismo foi mantido como religião oficial, porém havia liberdade de culto (o livre exercício de todas as religiões); foi proclamada a liberdade de imprensa (uma grande novidade no Brasil); abolidos alguns impostos; a escravidão entretanto foi mantida.

À medida que o calor das discussões e da revolta contra a opressão portuguesa aumentava, crescia, também, o sentimento de patriotismo dos pernambucanos, ao ponto de passarem a usar nas missas a aguardente (em lugar do vinho) e a hóstia feita de mandioca (em lugar do trigo), como forma de marcar a sua identidade.

Dominada a revolução, foi desmembrada de Pernambuco a comarca de Rio Grande (atual Rio Grande do Norte), tornando-se província autônoma. Essa havia sido anexada ao território pernambucano ainda na segunda metade do século XVIII, juntamente a Ceará e Paraíba, que também se tornaram autônomas ainda no período colonial, em 1799.

Também a comarca de Alagoas, cujos proprietários rurais haviam se mantido fiéis à Coroa, como recompensa, puderam formar uma província independente.

Apesar dos revolucionários terem ficado no poder menos de três meses, eles conseguiram abalar a confiança na construção do império americano sonhado por D. João VI, a coroa nunca mais estaria segura de que seus súditos eram imunes à contaminação das ideias responsáveis pela subversão da antiga ordem na Europa.

Quando a propaganda do movimento chegou a Atalaia, o Ouvidor Batalha tratou de fazer correição no cartório e tentou convencer o povo a não participar do movimento. O movimento foi esfriando e o povo atendeu à solicitação.

Victoriano Borges viajou à Bahia para falar com o Conde de Arcos sobra a agitação que estava havendo em Alagoas, mas o Vice-Rei falou que o Padre Roma foi fuzilado. Victoriano se desesperou e fugiu.

Diante da agitação, o Ouvidor Batalha tratou de falar com o Vice Rei sobre a separação da Comarca de Alagoas da jurisdição de Pernambuco, anexando à Bahia e instalando um governo provisório. O Conde concordou com a separação, mas não com o governo provisório.

Alagoas estava com condições de se separar de Pernambuco, fato que estava influenciado pelos ideais revolucionários, que ganhou popularidade em vários países.

 

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

ALAGOAS NA GUERRA DO PARAGUAI


A Guerra do Paraguai foi um conflito que aconteceu de 27 de dezembro de 1864 a 08 de abril de 1870, que tinha como objetivo impedir a invasão do Paraguai, sob a presidência de Francisco Solano Lopez, nos demais países da América do Sul. Para que isso não acontecesse Argentina Brasil e Uruguai tiveram que se juntar para participar do enfrentamento.

Durante a Guerra do Paraguai, Alagoas enviou cerca de três mil e quinhentos soldados para combate, inclusive toda a família Mendes da Fonseca , que tinha como matriarca dona Rosa da Fonseca, da qual faziam parte seus filhos Manoel Deodoro (futuro primeiro presidente do Brasil), Hermes Ernesto, Severiano Martins, Pedro Paulino (futuro governador do Estado de Alagoas), Hipólito Mendes, Eduardo Emiliano, João Severiano e Afonso Aurélio. Além dos da Família Fonseca, também participaram Floriano Peixoto, Gabino Besouro, Roberto Ferreira, Virgínio Napoleão e Cyrilo de Castro.

A primeira participação da PMAL em conflito que exigiu operação de guerra deu-se em 1839, quando Agostinho da Silva Neto, presidente da Província resolveu transferir a Capital, então instalada na cidade de Alagoas (atual Marechal Deodoro), para Maceió.

Nessa época houve oposição da PM ao ato de Silva Neto, tendo que enfrentar as tropas comandadas pelo major Manoel Mendes da Fonseca (pai de Deodoro).

Em dezembro de 1864, tropas paraguaias atravessaram a fronteira com o Brasil e tomam o Forte Coimbra, na Província do Mato Grosso, dando início à Guerra do Paraguai, que duraria até 1870.

Um matutino da época registra que antes de embarcar no vapor São Francisco com destino ao teatro de operações, as tropas desfilaram pelas ruas de Maceió, sob intensa aclamação popular.

Alguns chefes políticos se aproveitaram de vinganças pessoais, espalhando o pavor em muitas pessoas, em alguns momentos arrancando um único homem de cada casa para ser alistado nas tropas do Exército. O presidente da província de Alagoas, João Batista Gonçalves suspendeu esse rigor, facilitando o alistamento de voluntários.

Nos últimos anos da Guerra do Paraguai, Alagoas estava sendo governada pelo presidente José Bento Figueiredo Júnior, e o fim da guerra deu-se pela morte de Solano Lopez, provocada pelo Cabo José Francisco Lacerda, conhecido como “Chico Diabo”, com uma lança em Cerro Coá, no Paraguai.

Ao retornar à Província, em 1870, os soldados alagoanos foram calorosamente recebidos pelo povo, que prestou homenagens aos 201 milicianos mortos em combate.

Mesmo depois do fim da guerra, D Pedro II não festejou a vitória, enviando ajuda aos derrotados. Com isso, o Brasil assinou um tratado de paz com o Uruguai em 09 de janeiro de 1872, continuando as relações diplomáticas.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

ALAGOAS NA REPÚBLICA VELHA


Terminada a fase monárquica, o Brasil entrou na fase republicana, que foi iniciada com sua proclamação em 15 de novembro de 1889. Durante esse tempo, houve uma fase de preparação em face de o país estar acostumado com uma forma de governo (monarquia), a qual durou 77 anos.

Proclamada a República, o Estado passou a desenvolver sua autonomia, com todos os governadores tentando resolver seus problemas sociais, econômicos e culturais.

Após iniciar a República Velha, no dia 19 de novembro, o Governo Provisório instituiu a Bandeira Nacional do Brasil República e convocou uma assembleia de juristas para ser elaborada uma nova constituição. Nesse mesmo dia foi designado para ser o governador provisório o Comendador Tibúrcio Valeriano. No dia 21 de novembro, o governador Tibúrcio tomava posse em seu cargo, e nesse mesmo dia, Marechal Deodoro, no exercício da presidência, assinou um decreto nomeando seu irmão Pedro Paulino da Fonseca para o Governo Ditatorial de Alagoas.

Pedro Paulino da Fonseca, foi o primeiro governador eleito após a promulgação da Constituição Estadual, em 12 de junho de 1891. Apesar de todo seu preparo intelectual, Pedro Paulino não foi feliz como governador.  Cometeu vários erros administrativos, e até usava da violência para governar, algo que deixou seus correligionários descontentes. Mesmo com todos os problemas, fundou o Colégio Orfanológico para abrigar órfãs desvalidas.

Após se candidatar a senador, Pedro Paulino entregou o governo ao Dr. Roberto Calheiros, sendo o último passando para o Dr. Manoel de Araújo Goes. Esses dois últimos foram presidentes provinciais. 

Em 11 de junho de 1891 hove a promulgação da primeira Constituição do Estado. No dia seguinte houve eleição para o governo do estado, tendo como vitoriosos Pedro Paulino da Fonseca e Manoel de Araújo Goes. Após um período de agitação, Paulino renunciou ao poder voltando para o Senado, e quem assumiria o poder era o vice Manoel de Araújo Goes.

Perturbados e incertos decorreram os primeiros dez anos de vida republicana, na província. Governos se sucediam, nomeados pelo poder central ou eleitos pelo povo, mas quase sempre substituídos ou depostos. Constituíram-se várias juntas governativas, numa ou noutra oportunidade. Somente no fim do século XIX, ou melhor, já nos primeiros anos do século XX, a situação se consolidou com os governos do barão de Traipu e de Euclides Malta, o primeiro da chamada "oligarquia Malta", que se prolongou até 1912. Euclides governou de 1900 a 1903; sucedeu-lhe o irmão, Joaquim Paulo, no período de 1903 a 1906; Euclides voltou ao poder de 1906 a 1909, e, reelegendo-se nesse ano, permaneceu por mais um triênio, até 1912.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

ALAGOAS NA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA


O movimento republicano, intensificado pela abolição, traduziu-se nas atividades da imprensa e clubes de propaganda. O mais importante destes foi o Centro Republicano Federalista, também, de certo, o mais antigo; outros foram o Clube Federal Republicano e o Clube Centro Popular Republicano Maceioense, ambos existentes na capital no momento da proclamação. No interior havia igualmente outros clubes de propaganda. O Gutenberg era o órgão de imprensa mais veemente na difusão da ideia republicana.

O ideal republicano começou a surgir com o jornal O Apóstolo, em 1871. Depois surgiu A República. Em 1888, o jornalista João Gomes Ribeiro fundou o Centro Republicano Federal de Maceió. Um ano depois, é proclamada a República, exatamente por um alagoano.

Após a abolição da escravatura, alguns escravos permaneceram nas terras dos senhores a fim de exercer atividade remunerada. Depois, o marido da Princesa Isabel, o Conde D’Eu, veio da França para fortalecer a monarquia no Brasil, e no mesmo navio, o republicano Silva Jardim veio desfazer qualquer ideia monárquica. Desembarcaram no Porto de Jaraguá, onde havia correligionários de ambas as partes. O Conde ficou hospedado no Palácio Provincial e Silva Jardim, na casa de Ricardo Brenand. Não houve movimentação política porque os republicanos alagoanos eram os mesmos da campanha abolicionista.

Em 15 de novembro de 1889, a República foi proclamada pelo Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, e as províncias receberam a denominação de estados, e os presidentes das províncias, governadores.

No dia 16, um major foi ao palácio Imperial levar uma mensagem que bania o Imperador D. Pedro II, anunciando que a Família Real tinha o prazo de vinte e quatro horas para deixar o país. D. Pedro II mudou-se para Paris, onde iria viver longe de seu país e de sua esposa, seus dois amores, falecendo em 05 de dezembro de 1891.
Após a expulsão da Família Imperial do Brasil, a imperatriz Tereza Cristina entrou em estado de choque, nçao entendendo o porquê desse ato questionando o que fizeram para serem tratados como criminosos. Depois veio a falecer em 28 de dezembro de 1889.

No mesmo dia em que, no Rio de Janeiro, era proclamada a república, em Maceió assumia a presidência o Dr. Pedro Ribeiro Moreira, último delegado do governo imperial para a província. Confirmada a mudança do regime, organizou-se a princípio uma junta governativa, mas a 19 de novembro o marechal Deodoro designou o irmão, Pedro Paulino da Fonseca, para governar o novo estado. Foi ele também o primeiro governador eleito depois de promulgada a Constituição Estadual, em 12 de junho de 1891.