A Revolução de 1930 marca o
início de uma era de transformações políticas, sociais e econômicas cujo
desfecho só ocorreria com o golpe civil-militar de 1964, começo de outra fase
na história brasileira. Em Alagoas, esse período foi marcado por fortes tensões
políticas, originadas nas disputas entre setores da oligarquia pelo controle do
executivo estadual. Nessa época o Estado Alagoas era governado por Álvaro Paes.
Antes da Revolução de 1930,
o país era presidido por Washington Luiz, que governou o país de 15 de novembro
de 1926 a 24 de outubro de 1930. Nessa época, Washington Luiz não temia um
movimento armado, visto que confiava nos generais que o cercavam e sempre
estava em comunicação com os governadores de estado, inclusive o de Alagoas,
Álvaro Paes.
Quando o Brasil foi sacudido pela Revolução
de 1930, os militares depuseram Washington Luiz, e no dia 03 de novembro de
1930 o gaúcho Getúlio Vargas assumiu a presidência do país, iniciando-se a fase
dos interventores nomeados pelo presidente da República. Foram nove, em 15 anos
da Era Vargas, que exerciam o cargo obedecendo às decisões do chefe da Nação.
Álvaro Paes sempre recebia
jornais do Recife, os quais noticiavam que uma revolução explodira naquela
capital. No dia 4 de outubro, os alagoanos receberam a notícia de que a
revolução acontecida na capital pernambucana explodiu. Devido às condições que
os meios de comunicação da época ofereciam os nordestinos não ficavam sabendo
ao certo sobre a situação na Região Sul.
Um telegrama emitido pelo
Palácio do Catete, que era a sede do Governo Federal, foi publicado pelo Diário
Oficial informando que a situação na Parte Sul estava tranquila, e que as
forças estavam fiéis ao Governo.
Ao ver que a Revolução
chegou a uma situação extrema, o Presidente declarou “estado de sítio” em todo
o país.
A Revolução intensificou a
fuga do governador de Pernambuco Estácio Coimbra em direção à praia de Tamandaré com
destino ao exílio na Europa em
companhia de Gilberto Freyre, então seu
secretário particular, porque chegara o General Juarez Távora com tropas
federais.
No dia 14 de outubro, por
volta das 10h, um avião sobrevoou a capital alagoana, jogando centenas de
boletins informando da revolução. Alguns o povo foi em direção à Levada para
apanhá-los, outros foram em direção ao 20º BC do Exército. Esses boletins eram
assinados pelo General Juarez Távora pedindo ao povo alagoano para participar
da revolução.
Após algumas solicitações
em relação à renúncia do poder, o governador Álvaro Paes seguiu com sua
comitiva ao Porto do Jaraguá, no dia 10 de outubro, em direção ao Estado da
Bahia.
O Governo Federal, vendo
que os Estados estavam ficando sem governadores, iniciou uma era em que foram
nomeados interventores para ocupar as administrações nas respectivas Unidades
Federativas.
O primeiro desses interventores foi o
sergipano Hermílio de Freitas Melro, que passou um ano no poder, sendo substituído
por Luiz de França Albuquerque, alagoano de Viçosa, seguido do capitão Tasso
Tinoco, Afonso de Carvalho e Temístocles Vieira de Azevedo. As eleições para
deputados são realizadas em 1933, elegendo-se seis alagoanos: Manoel de Goes
Monteiro, Izidro Teixeira de Vasconcelos, José Afonso Valente de Lima, Antônio
de Melo Machado, Armando Sampaio Costa e Álvaro Guedes Nogueira, representantes
do Estado, na Assembleia Constituinte, que promulgou a Constituição de 1934.
Quem mais se destacou como interventor, foi o
jurista Osman Loureiro, também eleito governador nas eleições de 1935,
permanecendo no cargo até 1937 quando se deu o Golpe do Estado Novo. Nesse
período de dois anos, como representante eleito pelo povo, fez várias obras e
liberou recursos para as áreas de educação, saúde e segurança pública. Depois,
já na ditadura, voltou a ser interventor.
Passaram ainda pela interventoria: José Maria
Correia das Neves, Ismar de Góes Monteiro e Antonio Guedes de Miranda. Acaba
assim a Era Vargas em Alagoas, iniciando-se o processo de redemocratização, com
as eleições gerais de 1946.
A ditadura de Vargas provocou muitas prisões
de alagoanos, que defendiam a democracia. O escritor Graciliano Ramos, já
famoso na época, foi preso no Rio de Janeiro. Esse episódio gerou o livro
Memórias do Cárcere, um best-seller.
Apesar da ditadura, o povo adorava Getúlio,
que implantou a Legislação Trabalhista, criou o salário mínimo (muito
valorizado na época) e o voto da mulher. Alagoas viveu nas interventorias,
satisfatoriamente. No Estado Novo não existia Congresso nem Assembleia.
Portanto, gastos com deputados e senadores não era preocupação do governo. A
arrecadação servia para pagar suficientemente os salários dos funcionários
públicos.
REFERÊNCIAS:
ALBUQUERQUE, Isabel Loureiro de – Nosso Estado Nossa História. Maceió, SERGASA –
Serviços Gráficos de Alagoas S.A. 1991.
PIMENTEL, Jair Barbosa - A História de Alagoas Dos Caetés aos Marajás
Disponível em: http://maisalagoas.uol.com.br/mais.asp?id=historia
COSTA,
Rodrigo José da - Sob o signo do sangue: a trajetória
republicana em Alagoas e a sinfonia da violência em tom maior (1930 – 1964)
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