Com
a queda da Ditadura, começou o período de redemocratização no País. O segundo
semestre de 1946 foi de relativa tranquilidade para o Estado de Alagoas. Como o
país estava em constante transição, em 18 de setembro de 1946, foi promulgada
mais uma Constituição no país, sendo a quinta do Brasil e a quarta da República.
Nela seria devolvida a autonomia dos Estados e determinava eleições diretas
para todos os cargos.
No
ano de 1946 iniciou-se o período de campanhas eleitorais para o cargo de
governador do Estado. Dentre os nomes,
estavam concorrendo para o cargo SILVESTRE
PÉRICLES DE GÓES MONTEIRO e Rui Soares Palmeira, sendo este concorrendo
pela oposição.
Em
janeiro de 1947, as eleições para governador, senador e deputados foram
realizadas de forma tranquila. Nessas eleições foi confirmada a vitória de
Silvestre Péricles sobre Rui Soares Palmeira para governador, que teve como
aliado o seu irmão, o General Pedro de Góes Monteiro, eleito senador.
Em
10 de março de 1947, foi instalada a Assembleia Constituinte, funcionando
provisoriamente no prédio da Associação Comercial, em Jaraguá. Dezenove dias
depois, o Governador Silvestre Péricles é empossado, e nesse dia o Interventor
Guedes de Miranda fez uma oração na solenidade de transferência do cargo,
afirmando que Alagoas estava tranquila e aguardava uma era de paz, de trabalho,
de justiça e de liberdade.
No
começo de seu mandato, Silvestre mostrou ser um bom administrador dos negócios
públicos. Depois mostrou sua verdadeira personalidade: intempestivo,
inconsequente e desequilibrado. Sua
administração repercutia negativamente na Imprensa e no Parlamento Nacionais.
O
mandato de Silvestre Péricles transcorre em clima de constantes conflitos com a
oposição na Assembleia Legislativa, oposição esta, representada pela coligação
udeno-comunista. O governador procurava atacar este grupo como se entre
udenistas e comunistas não houvesse diferenças, sobretudo, parecia ter perdido
a noção de sua origem oligárquica, a exemplo da UDN, com uma importante
ressalva: a de que sua família havia, desde o inicio do século, se afastado das
estruturas do poder local.
Outros
fatos que marcaram o mandato de Silvestre Péricles foram o episodio da prisão
dos deputados estaduais comunistas e o tiroteio, por ocasião de um comício
realizado pela UDN na cidade de Coruripe, em 1948, na eleição para prefeituras
do interior, no qual, os seguidores do governador não queriam permitir que, no
palanque, a oposição fizesse criticas ao chefe do Executivo. Este fato resulta
em mortos, feridos e prisões arbitrárias de deputados da UDN. Na verdade, um
sério ambiente de violência no interior do Estado foi o aspecto que tendeu a
sobressair durante este governo: agressões e frequentes trocas de tiro que,
normalmente, resultava em mortes.
Conflitos com o Tribunal de Justiça do Estado também
foram fatos que marcaram seu governo. Ameaçado de "impeachment",
mandou cercar a Assembleia por forças policiais, provocando pânico. Constantes
vetos a aumento de salários dos deputados, como também seus projetos eram
vetados na Assembleia Legislativa. Acusado de não haver composto um bom
secretariado e ouvir figuras inexpressivas que receberam o codinome pejorativo
de "gafanhotos". Confundiu a luta contra os comunistas como sendo a
mesma coisa que a luta contra as oligarquias, favorecendo as oligarquias com as
quais estava em choque, não conseguindo avaliar e estancar as manobras
udenistas que tanto se aliaram aos comunistas em horas propícias, como a Ismar
e Edgar de Góis Monteiro em horas de graves confrontos. Passados os anos, o que
sobrou do Ciclo Góis Monteiro é o seguinte: as antigas oligarquias derrotadas
em 30 se reuniram na UDN, esgotada em tentativas de golpes de Estado e derrotas
eleitorais, mas ressuscitada na ARENA, e agora solidificada no PFL; os
comunistas afastados da cena política pelo Presidente Dutra, mas ressuscitados
pela Constituição de 1988, e novamente derrotados pela Queda do Muro de Berlim
e o fim da experiência socialista soviética, de natureza político-partidária, é
bom se diga, limitando-se, no momento, à mera luta de sobrevivência
político-parlamentar e, finalmente, os Góis Monteiro sumidos do cenário
político pela carência e também pela não qualificação em tempo hábil de
herdeiros políticos, tanto legítimos como adotivos.
Em 1950, o Estado de Alagoas presenciou a derrota de
Silvestre Péricles para a reeleição, juntamente com seu irmão, o General Góes
Monteiro, também derrotado para o cargo de senador, ano em que encerraria o
ciclo da família Góes Monteiro, passando a ser eleito para o governo ARNON
AFONSO FARIAS DE MELLO.
REFERÊNCIAS:
ALBUQUERQUE, Isabel Loureiro de – Nosso Estado Nossa História. Maceió, SERGASA –
Serviços Gráficos de Alagoas S.A. 1991.
COSTA, Rodrigo José da
- Sob o signo do sangue: a trajetória republicana em Alagoas e a sinfonia
da violência em tom maior (1930 – 1964)
Acesso em: 21 de outubro de 2013
NOGUEIRA, Luiz - Governador Silvestre Péricles : Enigma mal decifrado
Disponível em:
http://www.luiznogueira.com.br/ensaios/pericle1.htm
Acesso em: 21 de outubro de 2013
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