terça-feira, 9 de dezembro de 2014

GOVERNO DE SILVESTRE PÉRICLES


Com a queda da Ditadura, começou o período de redemocratização no País. O segundo semestre de 1946 foi de relativa tranquilidade para o Estado de Alagoas. Como o país estava em constante transição, em 18 de setembro de 1946, foi promulgada mais uma Constituição no país, sendo a quinta do Brasil e a quarta da República. Nela seria devolvida a autonomia dos Estados e determinava eleições diretas para todos os cargos.

No ano de 1946 iniciou-se o período de campanhas eleitorais para o cargo de governador do Estado.  Dentre os nomes, estavam concorrendo para o cargo SILVESTRE PÉRICLES DE GÓES MONTEIRO e Rui Soares Palmeira, sendo este concorrendo pela oposição.

Em janeiro de 1947, as eleições para governador, senador e deputados foram realizadas de forma tranquila. Nessas eleições foi confirmada a vitória de Silvestre Péricles sobre Rui Soares Palmeira para governador, que teve como aliado o seu irmão, o General Pedro de Góes Monteiro, eleito senador.

Em 10 de março de 1947, foi instalada a Assembleia Constituinte, funcionando provisoriamente no prédio da Associação Comercial, em Jaraguá. Dezenove dias depois, o Governador Silvestre Péricles é empossado, e nesse dia o Interventor Guedes de Miranda fez uma oração na solenidade de transferência do cargo, afirmando que Alagoas estava tranquila e aguardava uma era de paz, de trabalho, de justiça e de liberdade.

No começo de seu mandato, Silvestre mostrou ser um bom administrador dos negócios públicos. Depois mostrou sua verdadeira personalidade: intempestivo, inconsequente e desequilibrado.  Sua administração repercutia negativamente na Imprensa e no Parlamento Nacionais.

O mandato de Silvestre Péricles transcorre em clima de constantes conflitos com a oposição na Assembleia Legislativa, oposição esta, representada pela coligação udeno-comunista. O governador procurava atacar este grupo como se entre udenistas e comunistas não houvesse diferenças, sobretudo, parecia ter perdido a noção de sua origem oligárquica, a exemplo da UDN, com uma importante ressalva: a de que sua família havia, desde o inicio do século, se afastado das estruturas do poder local.

Outros fatos que marcaram o mandato de Silvestre Péricles foram o episodio da prisão dos deputados estaduais comunistas e o tiroteio, por ocasião de um comício realizado pela UDN na cidade de Coruripe, em 1948, na eleição para prefeituras do interior, no qual, os seguidores do governador não queriam permitir que, no palanque, a oposição fizesse criticas ao chefe do Executivo. Este fato resulta em mortos, feridos e prisões arbitrárias de deputados da UDN. Na verdade, um sério ambiente de violência no interior do Estado foi o aspecto que tendeu a sobressair durante este governo: agressões e frequentes trocas de tiro que, normalmente, resultava em mortes.

Conflitos com o Tribunal de Justiça do Estado também foram fatos que marcaram seu governo. Ameaçado de "impeachment", mandou cercar a Assembleia por forças policiais, provocando pânico. Constantes vetos a aumento de salários dos deputados, como também seus projetos eram vetados na Assembleia Legislativa. Acusado de não haver composto um bom secretariado e ouvir figuras inexpressivas que receberam o codinome pejorativo de "gafanhotos". Confundiu a luta contra os comunistas como sendo a mesma coisa que a luta contra as oligarquias, favorecendo as oligarquias com as quais estava em choque, não conseguindo avaliar e estancar as manobras udenistas que tanto se aliaram aos comunistas em horas propícias, como a Ismar e Edgar de Góis Monteiro em horas de graves confrontos. Passados os anos, o que sobrou do Ciclo Góis Monteiro é o seguinte: as antigas oligarquias derrotadas em 30 se reuniram na UDN, esgotada em tentativas de golpes de Estado e derrotas eleitorais, mas ressuscitada na ARENA, e agora solidificada no PFL; os comunistas afastados da cena política pelo Presidente Dutra, mas ressuscitados pela Constituição de 1988, e novamente derrotados pela Queda do Muro de Berlim e o fim da experiência socialista soviética, de natureza político-partidária, é bom se diga, limitando-se, no momento, à mera luta de sobrevivência político-parlamentar e, finalmente, os Góis Monteiro sumidos do cenário político pela carência e também pela não qualificação em tempo hábil de herdeiros políticos, tanto legítimos como adotivos.

Em 1950, o Estado de Alagoas presenciou a derrota de Silvestre Péricles para a reeleição, juntamente com seu irmão, o General Góes Monteiro, também derrotado para o cargo de senador, ano em que encerraria o ciclo da família Góes Monteiro, passando a ser eleito para o governo ARNON AFONSO FARIAS DE MELLO.

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS:

 

ALBUQUERQUE, Isabel Loureiro de – Nosso Estado Nossa História. Maceió, SERGASA – Serviços Gráficos de Alagoas S.A. 1991.

 

COSTA, Rodrigo José da -  Sob o signo do sangue: a trajetória republicana em Alagoas e a sinfonia da violência em tom maior (1930 – 1964)


Acesso em: 21 de outubro de 2013

 

NOGUEIRA, Luiz - Governador Silvestre Péricles : Enigma mal decifrado

Disponível em: http://www.luiznogueira.com.br/ensaios/pericle1.htm

Acesso em: 21 de outubro de 2013

 

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